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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

SOS Beckett


Este texto eu retirei do blog "Papel fere pedra" da época boa que participava do ciclo de estudos da Dramaturgia, da qual a minha querida Adélia Nicolete ministrava com primor.
 A razão de postar este texto é que percebo que Beckett será sempre aquele que me atormenta. Estou iniciando um novo processo de montagem com minhas queridas atrizes Priscila Vanzela e Nayara Meneghelli  e uma das meninas trouxe Beckett para minha vida novamente. Acho que um dia irei entender o porquê dele ser um mistério tão amedrontador pra mim.


Semana dura...cabeça que pesa, que pende para vários sentidos, o de desistir, de fazer o que realmente quer fazer, abrir nem que seja á faca o caminho, as idéias...
Inicio esse mail dizendo tais palavras não como uma justificativa, mas como uma forma de buscar um direcionamento. Me incumbi de analisar Beckett e descubro um vazio, vazio que veio ao ler "Coisas e Loisas", li(hummm), reli( hã?) li em voz alta( mas.. como assim?) e nada. Acho que da mesma forma que o nada acontece nos textos de Beckett, um nada mais estupido ocorreu em mim. Titubeei várias vezes escrever algo, o lápis e o papel repeliam-se, impedindo que eu anotasse algo. Na pausa dos personagens, eu paralizava, parecia que eu estava esperando que fosse feito algo da parte de A e B. E o nada ainda imperava.
Em uma de minhas leituras, minha mente fugia. E quer saber? Deixei ela fugir. Lembrei da última aula, de Brecht, o "Eu " lírico, a lente do cinema, as colocações indiscutiveis de nossos dois colegas, no pirulito de maça verde, na pasta que não comprei, no meu interesse pelo Teatro do Absurdo, em Monty Python, Surrealismo, Salvador Dali, Beckett, ai Beckett...
Em uma das minhas leituras, cochilei, mas de pronto voltei ao ambiente hostil do meu trabalho, só, vejo que o nada imperava. Se além daquelas palavras tao bem escritas na xerox estavam dois personagens tentando compreender ao outro, ou principalmente, a si proprio, lá estava eu, do outro lado, na "Vidinha real", com cara de vazio, abrindo uma guia no explorer para buscar algo que me impulsionasse a esse universo. E mais uma vez, dentre tantas informações desencontadas, veio meu amigo NADA.
Pra mim foi o fim. Ou o inicio deste e-mail. Penso na impossibilidade de compreender o outro quando não conseguimos nem compreender a nós mesmos. E agora José? Devo jogar palavras ao vento na tentativa delas voltarem respondidas a mim? Ou grito merdas, elefantes, tapetes e limos, e vejo no que dá?Sei lá..
Hoje, terça feira, antivespera de sua aula, sinto-me na impossibilidade de pontuar algo que ninguem pontuará quinta. Hoje estou meio B, somente me deslocando em linha reta, mas diferente dele, não olho ao redor pois não consigo, no entanto sinto que sou um pouco A, ouvindo sons, mas não sabendo quais são; não sentindo mais o fim do dia( ai q horror!!!).
Gostaria de um norte para esta enxurrada de questionamentos. Que no final das contas torna-se apenas um: Meu cronico desnorteamento intelectual.
Até lá, questionarei o absurdo dentro de mim. Semestres melhores virão.

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