BUSCAPÉ

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Devaneio



   Não sei até onde há lugar para as pessoas loucas. Pessoas que fazem o inesperado.Não digo se jogar de uma ponte ou roubar bebês de maternidade, digo os loucos que olham essa cidade além do concreto, que olham as pessoas com o mínimo de poesia, que transformam o dia numa bela surpresa.
    Já conheci pessoas que me inspiraram a agir desta maneira, fazer acontecer o inesperado em tempos de completa rotina, e suas ações eu as considerava de ações loucas. Não se espera no meio do dia uma ligação com a pessoa do outro lado recitando  Florbela Espanca ou um livro da Clarice Lispector repentinamente entre suas coisas.
   Minha louca favorita do cinema é Amelie Poulain. Ela quer transformar as vida dos outros, mesmo a princípio não tendo ninguém que transforme a dela, e ela faz isso com a delicadeza de uma carta, uma imagem. Amelie é uma de minhas terroristas poéticas favoritas do cinema.
   E terroristas assim não se encontram em qualquer lugar, loucos terroristas não precisam de apaixonar para agir assim por alguém, sua paixão está em tirar do centro esse mundo que anda quadrado, educado com muita novela das sete.
   Entretanto, mesmo com sua paixão de poetizar o cotidiano, o louco terrorista certo momento deixa de poetizar com seu louco terror. Perde forças por diversas convenções e regras vindas de revistas Capricho e Atrevida engolidas guela abaixo fazem com que as pessoas tenham opiniões maliciosamente formadas, conceitos decadentes.
 O louco terrorista poético se cansa, acaba acumulando textos escritos em papel de pão, esquecem em gavetas atulhadas de poemas...
  Também pensa em auto destruição, em aniquilação de seu pensamento, de seu amor, e suas musas.

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