BUSCAPÉ

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O fim em processo de criação

A vida é cíclica. Para alguns é apenas uma reta, ou uma montanha russa com seus altos e baixos, ouroboros constante ou um simples ponto e vírgula. Mas é fato que em todos os casos tudo o que começa, um dia acaba. E com esse argumento que resolvemos trabalhar o fim, que é parte de nossa vida e marca de inúmeras maneiras: pode ser pelo fim de um relacionamento, da vida, de uma amizade, uma gestação ou algo ruim que terminou. Eu e mais duas atrizes, Nayara Meneghelli e Priscila Parajara iniciamos este processo em meados de agosto, e desde então debruçamos nossa pesquisa em cartas de amigos, filmes, músicas e nossas próprias vivências que aos poucos nos dá a imensidão do que é o fim. Nossa proposta é contar ao público um pouco da história de cada um e mostrar que nossas vidas uma hora se cruzam para a mesma direção que é o fim.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Quando lembramos que já tivemos um fotolog


 Relembrei que um dia tive um fotolog, e revisitei a época que eu achava que fazia poemas..







ARTEculando

Fiz de minha cara limpa meu papel em branco
deixei meus preceitos, fugi dos conceitos
pinto minha liberdade em cores vibrantes
adereço meus olhos, exagero meu semblante
esquece tuas armaduras, venha para rua!
hoje a noite é para os que esquecem
que somos os padroes que nao se merecem.




SOS Beckett


Este texto eu retirei do blog "Papel fere pedra" da época boa que participava do ciclo de estudos da Dramaturgia, da qual a minha querida Adélia Nicolete ministrava com primor.
 A razão de postar este texto é que percebo que Beckett será sempre aquele que me atormenta. Estou iniciando um novo processo de montagem com minhas queridas atrizes Priscila Vanzela e Nayara Meneghelli  e uma das meninas trouxe Beckett para minha vida novamente. Acho que um dia irei entender o porquê dele ser um mistério tão amedrontador pra mim.


Semana dura...cabeça que pesa, que pende para vários sentidos, o de desistir, de fazer o que realmente quer fazer, abrir nem que seja á faca o caminho, as idéias...
Inicio esse mail dizendo tais palavras não como uma justificativa, mas como uma forma de buscar um direcionamento. Me incumbi de analisar Beckett e descubro um vazio, vazio que veio ao ler "Coisas e Loisas", li(hummm), reli( hã?) li em voz alta( mas.. como assim?) e nada. Acho que da mesma forma que o nada acontece nos textos de Beckett, um nada mais estupido ocorreu em mim. Titubeei várias vezes escrever algo, o lápis e o papel repeliam-se, impedindo que eu anotasse algo. Na pausa dos personagens, eu paralizava, parecia que eu estava esperando que fosse feito algo da parte de A e B. E o nada ainda imperava.
Em uma de minhas leituras, minha mente fugia. E quer saber? Deixei ela fugir. Lembrei da última aula, de Brecht, o "Eu " lírico, a lente do cinema, as colocações indiscutiveis de nossos dois colegas, no pirulito de maça verde, na pasta que não comprei, no meu interesse pelo Teatro do Absurdo, em Monty Python, Surrealismo, Salvador Dali, Beckett, ai Beckett...
Em uma das minhas leituras, cochilei, mas de pronto voltei ao ambiente hostil do meu trabalho, só, vejo que o nada imperava. Se além daquelas palavras tao bem escritas na xerox estavam dois personagens tentando compreender ao outro, ou principalmente, a si proprio, lá estava eu, do outro lado, na "Vidinha real", com cara de vazio, abrindo uma guia no explorer para buscar algo que me impulsionasse a esse universo. E mais uma vez, dentre tantas informações desencontadas, veio meu amigo NADA.
Pra mim foi o fim. Ou o inicio deste e-mail. Penso na impossibilidade de compreender o outro quando não conseguimos nem compreender a nós mesmos. E agora José? Devo jogar palavras ao vento na tentativa delas voltarem respondidas a mim? Ou grito merdas, elefantes, tapetes e limos, e vejo no que dá?Sei lá..
Hoje, terça feira, antivespera de sua aula, sinto-me na impossibilidade de pontuar algo que ninguem pontuará quinta. Hoje estou meio B, somente me deslocando em linha reta, mas diferente dele, não olho ao redor pois não consigo, no entanto sinto que sou um pouco A, ouvindo sons, mas não sabendo quais são; não sentindo mais o fim do dia( ai q horror!!!).
Gostaria de um norte para esta enxurrada de questionamentos. Que no final das contas torna-se apenas um: Meu cronico desnorteamento intelectual.
Até lá, questionarei o absurdo dentro de mim. Semestres melhores virão.

Devaneio



   Não sei até onde há lugar para as pessoas loucas. Pessoas que fazem o inesperado.Não digo se jogar de uma ponte ou roubar bebês de maternidade, digo os loucos que olham essa cidade além do concreto, que olham as pessoas com o mínimo de poesia, que transformam o dia numa bela surpresa.
    Já conheci pessoas que me inspiraram a agir desta maneira, fazer acontecer o inesperado em tempos de completa rotina, e suas ações eu as considerava de ações loucas. Não se espera no meio do dia uma ligação com a pessoa do outro lado recitando  Florbela Espanca ou um livro da Clarice Lispector repentinamente entre suas coisas.
   Minha louca favorita do cinema é Amelie Poulain. Ela quer transformar as vida dos outros, mesmo a princípio não tendo ninguém que transforme a dela, e ela faz isso com a delicadeza de uma carta, uma imagem. Amelie é uma de minhas terroristas poéticas favoritas do cinema.
   E terroristas assim não se encontram em qualquer lugar, loucos terroristas não precisam de apaixonar para agir assim por alguém, sua paixão está em tirar do centro esse mundo que anda quadrado, educado com muita novela das sete.
   Entretanto, mesmo com sua paixão de poetizar o cotidiano, o louco terrorista certo momento deixa de poetizar com seu louco terror. Perde forças por diversas convenções e regras vindas de revistas Capricho e Atrevida engolidas guela abaixo fazem com que as pessoas tenham opiniões maliciosamente formadas, conceitos decadentes.
 O louco terrorista poético se cansa, acaba acumulando textos escritos em papel de pão, esquecem em gavetas atulhadas de poemas...
  Também pensa em auto destruição, em aniquilação de seu pensamento, de seu amor, e suas musas.

O desnude para Os Satyros II

 Passada minha fase da oficina de interpretação teatral na Cia. Os Satyros (da qual eu comentei anteriormente) passei por um segundo momento na Companhia, que foi ser parte dela. Isso ocorreu no início de 2011, quando abriram testes para os espetáculos "Liz", "Roberto Zucco" e "Os 120 dias de Sodoma". A princípio meu interesse era focado para Zucco, pois só tive conhecimento das vagas nos outros espetáculos quando eu estava no teste. A partir daí resolvi me inscrever nos três.

  Havia um certo nervosismo, afinal,para alguns, e para mim, foram poucas vezes que tínhamos contato com o diretor e fundador da Cia., Rodolfo Garcia Vásquez, entretanto aos poucos a tensão foi sendo diluída, tendo em vista a forma que a seleção foi conduzida.

  Antes do teste, havia conversado com alguns atores que também estavam a almejar uma vaga no grupo. Alguns não eram de nenhuma oficina ou núcleo do Satyros, foi por alguma indicação que acabaram ali, e no meio deles, alguns colegas e parceiros de palco da oficina de interpretação. Pessoas heterogêneas, de experiências e lugares diversos. Desde que iniciei meu trabalho na Roosevelt, me encantou muito essa variedade de histórias e linhas de trabalho. Mas com toda essa diversidade ali naquele lugar e naquele momento, intrigava saber qual critério estabelecido para selecionar os atores. Mas para quem está no olho do furacão, sendo avaliado, isso realmente se torna difícil de visualizar.

                                                                        Dia do teste


   Assim como qualquer teste, a expectativa após a fase de avaliações é grande, um pouco de pessimismo e auto censura aparecem(pelo menos no meu caso), mas dias depois, isso desapareceu. Por email, recebo a noticia de que tinha sido selecionada para fazer parte do elenco "Os 120 dias de Sodoma". Começar no Satyros fazendo um dos espetáculos que particularmente é um dos mais densos da Trilogia do Marquês de Sade foi um privilégio, e também um desafio. Sabia que terreno eu estava pisando, e as responsabilidades que teria.
 
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