BUSCAPÉ

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Devaneio



   Não sei até onde há lugar para as pessoas loucas. Pessoas que fazem o inesperado.Não digo se jogar de uma ponte ou roubar bebês de maternidade, digo os loucos que olham essa cidade além do concreto, que olham as pessoas com o mínimo de poesia, que transformam o dia numa bela surpresa.
    Já conheci pessoas que me inspiraram a agir desta maneira, fazer acontecer o inesperado em tempos de completa rotina, e suas ações eu as considerava de ações loucas. Não se espera no meio do dia uma ligação com a pessoa do outro lado recitando  Florbela Espanca ou um livro da Clarice Lispector repentinamente entre suas coisas.
   Minha louca favorita do cinema é Amelie Poulain. Ela quer transformar as vida dos outros, mesmo a princípio não tendo ninguém que transforme a dela, e ela faz isso com a delicadeza de uma carta, uma imagem. Amelie é uma de minhas terroristas poéticas favoritas do cinema.
   E terroristas assim não se encontram em qualquer lugar, loucos terroristas não precisam de apaixonar para agir assim por alguém, sua paixão está em tirar do centro esse mundo que anda quadrado, educado com muita novela das sete.
   Entretanto, mesmo com sua paixão de poetizar o cotidiano, o louco terrorista certo momento deixa de poetizar com seu louco terror. Perde forças por diversas convenções e regras vindas de revistas Capricho e Atrevida engolidas guela abaixo fazem com que as pessoas tenham opiniões maliciosamente formadas, conceitos decadentes.
 O louco terrorista poético se cansa, acaba acumulando textos escritos em papel de pão, esquecem em gavetas atulhadas de poemas...
  Também pensa em auto destruição, em aniquilação de seu pensamento, de seu amor, e suas musas.

O desnude para Os Satyros II

 Passada minha fase da oficina de interpretação teatral na Cia. Os Satyros (da qual eu comentei anteriormente) passei por um segundo momento na Companhia, que foi ser parte dela. Isso ocorreu no início de 2011, quando abriram testes para os espetáculos "Liz", "Roberto Zucco" e "Os 120 dias de Sodoma". A princípio meu interesse era focado para Zucco, pois só tive conhecimento das vagas nos outros espetáculos quando eu estava no teste. A partir daí resolvi me inscrever nos três.

  Havia um certo nervosismo, afinal,para alguns, e para mim, foram poucas vezes que tínhamos contato com o diretor e fundador da Cia., Rodolfo Garcia Vásquez, entretanto aos poucos a tensão foi sendo diluída, tendo em vista a forma que a seleção foi conduzida.

  Antes do teste, havia conversado com alguns atores que também estavam a almejar uma vaga no grupo. Alguns não eram de nenhuma oficina ou núcleo do Satyros, foi por alguma indicação que acabaram ali, e no meio deles, alguns colegas e parceiros de palco da oficina de interpretação. Pessoas heterogêneas, de experiências e lugares diversos. Desde que iniciei meu trabalho na Roosevelt, me encantou muito essa variedade de histórias e linhas de trabalho. Mas com toda essa diversidade ali naquele lugar e naquele momento, intrigava saber qual critério estabelecido para selecionar os atores. Mas para quem está no olho do furacão, sendo avaliado, isso realmente se torna difícil de visualizar.

                                                                        Dia do teste


   Assim como qualquer teste, a expectativa após a fase de avaliações é grande, um pouco de pessimismo e auto censura aparecem(pelo menos no meu caso), mas dias depois, isso desapareceu. Por email, recebo a noticia de que tinha sido selecionada para fazer parte do elenco "Os 120 dias de Sodoma". Começar no Satyros fazendo um dos espetáculos que particularmente é um dos mais densos da Trilogia do Marquês de Sade foi um privilégio, e também um desafio. Sabia que terreno eu estava pisando, e as responsabilidades que teria.
 

domingo, 14 de agosto de 2011

Kataclownstróficos

O Grupo Kataclowntróficos




  Ainda falando sobre meus trabalhos com o circo, desta vez registro aqui o grupo do qual tive um grande orgulho de participar desde sua fundação. Na mesa de uma lanchonete na Rodoviária de São Bernardo, alguns amigos resolvem investigar e por a mão na massa no trabalho de clown. Foi ai que criou-se um nome tão maluco e um grupo mais ainda. Foi ai que nasceu o Kataclowntroficos.

Na época de sua criação, estavamos finalizando a oficina de clown avançado no espaço do Juventude Cidadã. A partir dai resolvemos nos juntar e dar  continuidade na pesquisa do palhaço. Procuramos espaço e a partir disso criamos esquetes a fim de nos apresentarmos em diversos espaços e eventos. 



Paquera

Luno(Michel Almeida), Gibão(WC) e Joanete(Mariana França) em apresentação no arena da comunidade



Nossa primeira esquete. Abordando os truques do amor e o jogo da paquera com muito bom humor.




Os 40 anos


 Luno(Michel Almeida) Katy (Ingrid Daniele) Sido Frido (Edson Dooley) e Joanete (Mariana França)


Esta esquete foi montada especialmente para a dona do Restaurante Armazém, em São Caetano para celebrar seu aniversário de 40 anos. Mostrando todas as fases da adolescencia até a fase adulta e mostrando o lado bom da "flor da idade".

Águas de Março



 Uma esquete musical apresentada pela primeira vez no evento " Demodismo". O coral de palhaços cantando "Águas de Março".


Construção

Mindy(Ailyn Evelyn) e Joanete( Mariana França)



  Esquete criada a partir da música "Construção" de Chico Buarque.




Depois de um hiato no grupo, dia 30 de agosto ás 19 horas no Parque Esportes radicais no Centro de SBC, iremos realizar um reencontro do grupo, durante a apresentação do Palco Aberto. Vejo vcs lá!



Arena do Circo

Hoje eu vou falar de um grupo que tive o prazer de fazer parte. O Arena do Circo foi o primeiro grupo circense que participei e pra mim foi uma honra pois tive a oportunidade de por em pratica o que havia aprendido nas oficinas de clown do Juventude Cidadã.
  O Arena do Circo é um espetáculo que, a cada edição vinha com temas e números distintos de circo, porém, antes do propriamente Arena começar tínhamos um espaço que o público poderia participar, apresentando um numero de circo, uma dança, poema, o que fosse. Este era o Palco aberto.


Katy e Joanete



 Apresentado pelas Palhaças Katy (Ingrid Daniele) e Joanete (Mariana França), elas faziam o pré espetáculo.  Pra mim foi um grande aprendizado pois, não havia um roteiro exatamente, a maior parte do Palco aberto era baseado na improvisação, comentários dos números e uma "gag" ou outra previamente planejada conforme o tema do dia.

  E em seguida tínhamos o Arena do Circo. Com a apresentação de Timbó ( Freddy Luiz) e Espinha (Leon Zocaratto), o espetáculo baseava-se em números previamente selecionados e com números, gags e reprises dos próprios palhaços.



Luiz Fernando e Henrique Rimoli no Arena 25



Nesse tempo todo, realizamos também o Arena de Ouro, onde premiamos os melhores numeros que passaram por lá.



Espinha e Timbó no Arena de Ouro







O grupo Kataclowntroficos No Arena de Ouro







  Durante todo o tempo em ativa, tive a grande a oportunidade de fazer parte de cena circense do ABC com essa galera ai. E agora em 2011 voltaremos para apresentar no aniversário da Cidade. Com novo formato, novos números e com a identidade que o grupo sempre fixou na cidade. Até lá!


Espinha,Joanete, Katy e Timbó no Arena 24





domingo, 8 de maio de 2011

O desnude para o Satyros I

O nu pra mim foi mais além de ficar pelado. O nu tem um significado mais do que físico. Há uma relação com o estado de disponibilidade de receber algo, de mostrar quem realmente voce é e a aceitação quanto a isto.

Nós dificilmente nos mantemos disponíveis para tais experiencias, para receber e oferecer com verdade algo, mantemos nossas teorias prontas e partimos para a ação, fechamos em nossos casulos intelectuais e revelamos o que for interessante para o momento e nada mais. Racionamos teatro.

Porém chega um momento que o teatro te puxa, grita, rasga suas roupas e te faz ver quem você é de verdade. Você sai do casulo e percebe que o mundo é muito maior e de inumeras possibilidades. Foi isso que aconteceu comigo no momento que fui para o Satyros.

                                                        Na foto: Thadeo Ibarra, Claudio Wendel, Lino Reis e Cleyton Yamamoto.


Lembro perfeitamente do dia que fiquei sabendo que a Cia. estava com inscrições abertas para a Oficina Livre de interpretação. Estava eu limpando a sala quando eu ligo para um amigo meu e ele me fala que começou as aulas no Satyros na semana anterior. Disse que havia vagas e que seria uma boa oportunidade lá, pois eles geralmente convidam alunos das Oficinas para integrarem alguns dos espetaculos de lá. Achei muito interessante a idéia de fazer, pois há tempos eu tinha a vontade de sair do útero do ABC e me aventurar na grande Paulicéia.


Me chamou atenção a condução feita pela orientadora do curso, a Andressa Cabral, havia nela algo que fazia a aula ser muito proveitosa mesmo realizando exercícios muito simples. Sem contar que mesmo com uma tuma muito heterogenea com relação a experiencia no teatro, a vontade de todos de fazer e a condução do curso fizeram que não fosse aparente essa distinção.




                                                                         Andressa Cabral



Trabalhamos de março a julho Realismo. Dividimo-nos em grupos e propomos desde "Anti-Nelson Rodrigues" até "Despertar da primavera". Foi um trabalho que a cada semana, todos impressionavam com as propostas e as interpretações.



                                                              Mariana França e Cristiano Dantas 
                                                                   "Anti-Nelson Rodrigues"      
                                                                       
Na segunda fase do curso foi chegado o momento de iniciarmos o processo de montagem. Tivemos a oportunidade de propormos qual texto seria o nosso "Start". Decidimos não focarmos num texto somente, mas sim num universo, chamado Sarah Kane. Com uma autora tão intensa e provocadora, passamos por momentos de inquietação, conflito, crises. Cada um teve seu momento "Sarah Kane".

Por fim montamos "Reflexos da Madrugada"

         Flyer do Espetáculo                           

Foi um resultado que me agradou muito, fomos além dos personagens que Sarah coloca em seus textos, colocamos ali nossas aflições, mexemos em feridas, quem estava nu, disponível, ficou em carne viva. Eram figuras, sem nome, sem nada, estavam em busca de algo ou alguém, Eram cinza, desbotados, eram muitas coisas condensadas, intensas.

                                                                  Thadeo Ibarra e Cristiano Dantas

Foi a minha primeira experiencia com o nu, e a primeira vez que fiquei frente a frente comigo, com o que sou. Não só fiquei "pelada, pelada, nua com a mão no bolso", mas em muitas vezes fiquei frágil, vi a verdade que é sempre escondida para que possa parecer que em mim há sempre uma fortaleza. Fiquei disponível para uma linguagem que o Satyros propoe, o teatro veloz, fiquei disponivel para o contato com o outro, com a verdade dos outros e a minha verdade; tentar fugir dos clichês, do cotidiano, do que faço todos os dias. Me senti humana, uma pessoa, uma mulher que não entende o mundo, mas que quer entender.

Essa vivencia me estimulou, fez com que eu não tivesse vontade de sair de lá, querer continuar a aprender o que é o teatro veloz, quem são  e o que há naquela forma de fazer teatro que chama tanto a atenção dos que estão ali.

                                           William Raphael, Lino Reis, Claudio Wendel e Mariana França.




O processo acabou, mas minha experiência por lá só estava começando. Mas issso eu guardo para segunda parte do texto. Até logo!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Abandono fecha porta de teatros históricos no ABC paulista




Carlos Gomes foi reformado em 1992, mas interditado em 2009O abandono do Poder Público marca a história de dois dos principais e mais antigos teatros da região: o Cinetratro Carlos Gomes, em Santo André, e o Teatro        Cacilda Becker, em São Bernardo.
O Carlos Gomes está há dois anos interditado por conta dos riscos da estrutura do local. Ele é o cinema mais antigo do país ainda de pé, criado em 1912. Entre as décadas de 1920 e 1970, abrigou os principais eventos culturais da cidade. “O Teatro Carlos Gomes sempre teve vida cultural, diferentemente da situação que enfrenta hoje”, afirma o jornalista e memorialista Ademir Médici. Por trás de seu abandono, várias promessas de reforma. A última foi feita em fevereiro do ano passado, quando a Prefeitura de Santo André apresentou projeto para que o teatro se transformasse em uma sala de concertos. A verba necessária seria de cerca de R$ 2,5 milhões. O novo Cineteatro Carlos Gomes seria entregue até o final do ano passado. Mas, até hoje, nada foi feito.

O prefeito Aidan Ravin desistiu de um projeto de R$ 8 milhões da administração passada por considerá-lo muito caro.

Já o Teatro Cacilda Becker é vítima das enchentes que desde a construção do paço municipal, em 1968, atingem o conjunto cívico de São Bernardo. O espaço está fechado desde o verão passado, quando a água atingiu poltronas e até o palco do espaço. As bombas do teatro estavam quebradas. O cronograma da Prefeitura de São Bernardo previa a reabertura do espaço também no final do ano passado, o que não aconteceu. 
“Falta vontade política, sem dúvida. Se as administrações quisessem resolver o problema, já teriam incluído as reformas nos orçamentos deste ano, ou realizado uma campanha forte junto à iniciativa privada”, disse Médici.


Fonte: eBand http://www.band.com.br/jornalismo/cidades/conteudo.asp?ID=100000415195 

segunda-feira, 21 de março de 2011

SP Escola de Teatro














Localizada na capital do Estado de São Paulo, a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco propõe novos desafios para o ensino das artes cênicas no Brasil e percebe o formador e o aprendiz sob o prisma das sensibilidades e potencialidades artísticas, humanas, críticas e cidadãs.

Seu projeto se orienta a partir de três pilares – Cursos Regulares, Cursos de Difusão Cultural e Programa Kairós – que alicerçam o funcionamento sistêmico dos setores da Instituição, contemplando diferentes ações artístico-pedagógicas.

Três pilares, um coração: a arte do teatro que irriga qualificação rigorosa e amplia horizontes nos modos de criação, produção e recepção na contemporaneidade.
Entre as propostas articuladas pela Escola, destacam-se:

- no campo da gestão, a iniciativa inédita do Governo do Estado de São Paulo que investe recursos e dá plenos poderes ao pensamento e às ações de criadores vinculados a espaços culturais ou a grupos expoentes da cena atual; um cenário auspicioso em que artistas formam artistas.

- no plano social, a interface com estudantes de escolas públicas contemplados com bolsas-auxílio para se tornarem profissionais das artes do palco, atitude que democratiza o acesso ao universo teatral para diferentes camadas da população; uma escola de teatro para todos.

- no sistema pedagógico, o formador pisa o terreno do conhecimento ao lado do aprendiz; ambos caminham em via de mão dupla na busca permanente pela excelência artística e humanística; um território cultural destinado ao “saber-fazer” e ao “saber-ser”.



Fonte: http://www.spescoladeteatro.org.br/a_escola/index.php 










Uma escola nova e que já tem muito que contar. Em pouco tempo de vida, a escola já é vista como uma das referências no Estado. Pode ser por conta dos mestres presentes, por conta de cursos até então restritos ou por outro motivo qualquer.


 Os cursos são oferecidos gratuitamente pelo Governo do Estado e há cursos de formação de atores, Iluminação Humor, Técnicas de Palco entre outros, e cursos de Difusão Cultural, de curta duração. Há também uma série de eventos, palestras e workshops no decorrer do ano. Para os cursos de Formação, há seleção uma vez ao ano, e para os de Difusão, semestralmente há seleção por carta de intenção pela internet.
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