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domingo, 8 de maio de 2011

O desnude para o Satyros I

O nu pra mim foi mais além de ficar pelado. O nu tem um significado mais do que físico. Há uma relação com o estado de disponibilidade de receber algo, de mostrar quem realmente voce é e a aceitação quanto a isto.

Nós dificilmente nos mantemos disponíveis para tais experiencias, para receber e oferecer com verdade algo, mantemos nossas teorias prontas e partimos para a ação, fechamos em nossos casulos intelectuais e revelamos o que for interessante para o momento e nada mais. Racionamos teatro.

Porém chega um momento que o teatro te puxa, grita, rasga suas roupas e te faz ver quem você é de verdade. Você sai do casulo e percebe que o mundo é muito maior e de inumeras possibilidades. Foi isso que aconteceu comigo no momento que fui para o Satyros.

                                                        Na foto: Thadeo Ibarra, Claudio Wendel, Lino Reis e Cleyton Yamamoto.


Lembro perfeitamente do dia que fiquei sabendo que a Cia. estava com inscrições abertas para a Oficina Livre de interpretação. Estava eu limpando a sala quando eu ligo para um amigo meu e ele me fala que começou as aulas no Satyros na semana anterior. Disse que havia vagas e que seria uma boa oportunidade lá, pois eles geralmente convidam alunos das Oficinas para integrarem alguns dos espetaculos de lá. Achei muito interessante a idéia de fazer, pois há tempos eu tinha a vontade de sair do útero do ABC e me aventurar na grande Paulicéia.


Me chamou atenção a condução feita pela orientadora do curso, a Andressa Cabral, havia nela algo que fazia a aula ser muito proveitosa mesmo realizando exercícios muito simples. Sem contar que mesmo com uma tuma muito heterogenea com relação a experiencia no teatro, a vontade de todos de fazer e a condução do curso fizeram que não fosse aparente essa distinção.




                                                                         Andressa Cabral



Trabalhamos de março a julho Realismo. Dividimo-nos em grupos e propomos desde "Anti-Nelson Rodrigues" até "Despertar da primavera". Foi um trabalho que a cada semana, todos impressionavam com as propostas e as interpretações.



                                                              Mariana França e Cristiano Dantas 
                                                                   "Anti-Nelson Rodrigues"      
                                                                       
Na segunda fase do curso foi chegado o momento de iniciarmos o processo de montagem. Tivemos a oportunidade de propormos qual texto seria o nosso "Start". Decidimos não focarmos num texto somente, mas sim num universo, chamado Sarah Kane. Com uma autora tão intensa e provocadora, passamos por momentos de inquietação, conflito, crises. Cada um teve seu momento "Sarah Kane".

Por fim montamos "Reflexos da Madrugada"

         Flyer do Espetáculo                           

Foi um resultado que me agradou muito, fomos além dos personagens que Sarah coloca em seus textos, colocamos ali nossas aflições, mexemos em feridas, quem estava nu, disponível, ficou em carne viva. Eram figuras, sem nome, sem nada, estavam em busca de algo ou alguém, Eram cinza, desbotados, eram muitas coisas condensadas, intensas.

                                                                  Thadeo Ibarra e Cristiano Dantas

Foi a minha primeira experiencia com o nu, e a primeira vez que fiquei frente a frente comigo, com o que sou. Não só fiquei "pelada, pelada, nua com a mão no bolso", mas em muitas vezes fiquei frágil, vi a verdade que é sempre escondida para que possa parecer que em mim há sempre uma fortaleza. Fiquei disponível para uma linguagem que o Satyros propoe, o teatro veloz, fiquei disponivel para o contato com o outro, com a verdade dos outros e a minha verdade; tentar fugir dos clichês, do cotidiano, do que faço todos os dias. Me senti humana, uma pessoa, uma mulher que não entende o mundo, mas que quer entender.

Essa vivencia me estimulou, fez com que eu não tivesse vontade de sair de lá, querer continuar a aprender o que é o teatro veloz, quem são  e o que há naquela forma de fazer teatro que chama tanto a atenção dos que estão ali.

                                           William Raphael, Lino Reis, Claudio Wendel e Mariana França.




O processo acabou, mas minha experiência por lá só estava começando. Mas issso eu guardo para segunda parte do texto. Até logo!

1 comentários:

Pâm disse...

Super seguindo aki e gostaria de te convidar a seguir o meu tbm ;D


Bjinhos ;*

Pâm
http://www.chiqueatodaprova.blogspot.com/

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